Hoje ... este grande Homem, deixou-nos ...
sinto-me imensamente triste ...
a ele devo imensas das gargalhadas que dei, e que continuarei a dar ao ouvi-lo ...
em jeito de homenagem, fica aqui um dos trabalhos dele:
Raul Solnado, a vida não se perdeu*
08.08.2009 - 17h54 Alexandra Prado Coelho
Raul Solnado, que morreu esta manhã, deixou gravado um último trabalho para a televisão: "As Divinas Comédias", uma série de quatro documentários produzida pelas Produções Fictícias e pela Até ao Fim do Mundo, para a RTP 1, apresentada por Bruno Nogueira e Raul Solnado – a mais jovem e a mais antiga gerações do humor em Portugal.
Seria uma história do humor em Portugal contada por um dos seus principais protagonistas. Nascido em Lisboa em 1929, Solnado começou a carreira como actor no teatro amador, na Sociedade Guilherme Cossul, em 1947.
Numa entrevista a Duarte Mexia, na "Pública", em 2002, conta como tentou ainda trabalhar na loja de móveis do pai, em frente à penitenciária – "não sabia o que queria ser na vida, sabia que queria ser actor, mas era uma coisa muito vaga". Mas já nessa altura aproveitava todas as oportunidades para ir ver os espectáculos dos seus ídolos, Vasco Santana, João Villaret, António Silva, Laura Alves. Quando começou a fazer teatro amador todas as dúvidas desapareceram, e acabou por comunicar ao pai: "olhe pai, vou para o teatro". Foi.
Em 53 estreou-se na revista com "Viva o Luxo", no Monumental. E no final da década no cinema com os filmes "Sangue Toureiro" e "O Tarzan do Quinto Esquerdo". Conta, na mesma entrevista, que no princípio do seu trabalho na revista dizia "pouco mais do que meia dúzia de frases", e que foi o actor António Silva, que "era muitíssimo tímido", que lhe começou a achar piada e a puxar por ele. Mas o grande sucesso surgiu em 1961, com as rábulas e, sobretudo, com "A Guerra de 1908", um texto espanhol adaptado para português por Solnado. A história de um soldado que vai "bater à porta da guerra", editado em disco em 1962, torna-se um "best-seller".
Foi, recordava Solnado, "um grande salto, ‘o pulo do gato’", e, subitamente, uma popularidade "asfixiante" – tão asfixiante que o humorista teve que ir para o Brasil para poder respirar. "Eu ligava o rádio e lá estava eu a contar histórias. As pessoas convidavam-me para jantar e lá estava o disco, para eu ouvir. Sentia-me perseguido por mim mesmo". O sucesso não se devia apenas ao facto de ser um texto “fabuloso”. Portugal estava em plena guerra colonial e, mesmo falando sobre outra guerra, "o texto foi como um grito", e Solnado achava estranho que a censura na época o tivesse deixado passar. "Os militares nos combates que tinham diziam as minhas frases, era como uma libertação". Havia nesta história de uma guerra que fechava à hora marcada um lado de "nonsense" "que em Portugal nunca se tinha ouvido". A popularidade foi tal que Solnado brincava dizendo que era “uma vítima da guerra".
O ano de 62 continuou a correr bem. Venceu o Prémio de Imprensa para melhor actor de cinema. Em 63 o sucesso continuou com o espectáculo Vamos contar Mentiras, com Florbela Queirós e Armando Cortês. O público era exigente. Mais do que exigente: "Quando a peça acabava exigiam que eu contasse mais histórias. [...] Um dia não contei, estava cansado ou doente, já não sei, e apedrejaram-me a carrinha. Foi horrível". Na ressaca do sucesso da "guerra", Solnado regressou ao Brasil – onde tinha tido uma experiência falhada em 1958 – e desta vez as coisas correm muito melhor. "Entrei pela porta grande".
Em 1964 o actor e humorista tornou-se empresário, fundando o Teatro Villaret – na peça de estreia, em 1965, "O Impostor-Geral" foi o protagonista. Passou a fazer tudo como queria – “escolhia desde o tecido, a cor da tinta para escrever a peça, como se traduz, até à forma como se fazia a publicidade do lançamento” – mas pagou um preço, com os credores a baterem-lhe à porta. Os textos humorísticos continuavam a ser editados em disco: Chamada para Washigton (em 1966), Cabeleireiro de Senhoras (68), e no início de 69 a compilação O Irresistível Raul Solnado.
É então que surge o segundo momento marcante da carreira: o programa Zip-Zip, gravado no Teatro Villaret, apresentado por Solnado, Fialho Gouveia e Carlos Cruz, muda a televisão em Portugal. Dura apenas sete meses, mas, em plena primavera marcelista, é uma “pedrada no charco”. “Pela primeira vez um programa de televisão marcava a agenda das conversas dos portugueses”, recordava Adelino Gomes no Público em 2002. O primeiro Zip-Zip foi gravado num sábado, 24 de Maio "perante uma plateia de amigos e curiosos que compraram um bilhete de entrada por dez escudos". A crítica não poupou os elogios, e os autores recebem agradecimentos de pessoas na rua. Intelectuais, escritores, artistas, figuras que nunca tinham tido oportunidade de falar na televisão, passaram pelo palco do Villaret naqueles sete meses que durou o programa cujo nome foi inventado por Solnado durante uma viagem ao Porto – um nome que era bom "precisamente porque não queria dizer nada". E se na primeira gravação foi preciso convidar pessoas para assistir, nos seguintes os bilhetes esgotavam-se com enorme antecedência. E as ruas de Lisboa ficavam vazias às segundas-feiras à noite. O sucesso televisivo volta a repetir-se (embora com um impacto diferente, porque por essa altura Portugal já tinha mudado) em 1977 com o programa A Visita da Cornélia, em que a interlocutora de Solnado era a vaca Cornélia.
Solnado continua a fazer teatro – "Há Petróleo no Beato" (1981) é um imenso sucesso – ao mesmo tempo que mantém presença na televisão. Novamente com os amigos Fialho Gouveia e Carlos Cruz apresenta o programa O Resto São Cantigas, em que se recordam músicos da época áurea da música ligeira portuguesa, e mais tarde apresenta o concurso Faz de Conta. É protagonista da "sitcom" "Lá Em Casa Tudo Bem", mas é no filme "A Balada da Praia dos Cães" (1987), de José Fonseca e Costa, que revela o seu extraordinário talento como actor dramático.
Em 1991 publica a sua biografia, "A Vida Não Se Perdeu", escrita por Leonor Xavier (que foi sua mulher durante 15 anos). Em 93 participa, ao lado de Eunice Muñoz na telenovela "A Banqueira do Povo" e continua a fazer teatro – nomeadamente a peça "O Magnífico Reitor" (2001), de Freitas do Amaral.
Numa homenagem, em 2002, no Festival Internacional de Humor de Lisboa, no Tivoli, Carlos Cruz agradeceu ao amigo. "Não temos o direito de lhe exigir nada porque ele nos deu tudo", disse. "Cinquenta anos, Raul, não é nada. É o teu princípio". Seis anos depois, a nova geração do humor em Portugal ainda teve a ajuda dele para a ajudar a contar a história.
Notícia actualizada às 18h40* título da biografia do actor e humorista escrita por Leonor Xavier e publicada em 1991
fonte: aqui
12 comentários:
O primeiro stand up comedy portugues ...!
Uma grande perda ...!
Aproveitando a Silly Season, vou lançar uma nova Tshirt ...
Penso que será uma peça do agrado de todos ...!
Por isso, apressem-se e façam a vossa encomenda n´Arménios Tshirts ...!
Conto convosco também para a sua divulgação Cibernética ...!
Um BOM FDS!
Bjks da M&M & Cª!
Também lhe fiz uma pequena e justa homenagem.
Esvrevi também um texto a propósito do desaparecimento físico deste grande português, que será publicado mais logo.
Tenho diversas memórias relacionadas com o Solnado, nomeadamente o facto de ter tido o privilégio de ouvir um texto meu lido pelo actor num programa de rádio que prolongou o inesquecível Zip-Zip.
Eternamente na memória e no coração dos portugueses.
*.*
Um homem que ria e sabia fazer rir e viveu a 100%.
Que descanse em paz!
Olá Isabel,
Bonita homenagem a um GRANDE ARTISTA E SER HUMANO!
RAUL SOLNADO partiu, mas viverá para sempre na memória de todos aqueles que tiveram o privilégio de o conhecer.
Beijinhos,
Ana Martins
....
Isabel,
Perdeu-se um artista única, mas muito mais do que isso, perdeu-se um ser humano excepcional.
Um abraço
Isabel,
Raul Solnado representou a diferença entre ser verdadeiramente artista, sabendo ser comediante, e a fraude de não ser uma coisa nem outra, sintetizada em tantos dos que pisam os palcos.
Enquanto Solnado irradiava, com simplicidade e genuinamente o seu talento, esses outros afirmam-se abastardando a arte.
Foi, como acima alguém disse, além de um actor de uma enorme dimensão, um ser humano incrível.
Um abraço
Vai ficar eternamente nas nossas memórias
beijocas
Ouvi o Raul Solnado agora neste vídeo. E posso entender porque ele era tão amado pelos portugueses.Pelo que li nos blogs, além de bom artista era também um bom ser humano. Pessoas assim, quando partem, fazem mesmo muita falta.
Beijinhos.
Responsável por muitas das minhas melhores risadas...o adorávamos aqui no Brasil...esta história da guerra todas sa vezes que a ouço parece a primeira..que delícia relembrá-la aqui...Deixa um legado maravilhoso.Que tudo esteja bem com vc...grande beijo
*
sol - nado -
sempre vivo em mim,
assisti no Parque Mayer,
á estreia da revista,
que lançou a sapiente guerra,
foi á uns aninhos, muitos . . .
,
amiga
faz o favor de seres feliz,
como o Raul dizia,
,
*
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