sexta-feira, abril 25, 2008

25 de Abril de 1974.


Lembras-te deste dia? O que fazias? Onde estavas? O que sentiste? O que sentes hoje?
Deixa aqui o teu testemunho ...


Bom fim-de-semana e beijinhos.
Isabel

...e ... porque gostei muito das palavras do meu amigo Peciscas ... porque vêm ao encontro daquilo que sinto ...

peciscas disse...
O meu 25, também foi, Isabel, a 26. Eu estava em Timor, muito longe dos cravos.
Mas foi com uma emoção indizível que soube que a "liberdade estava a passar por aqui" (para utilizar as palavras do Sérgio Godinho).
Mas também vivi esses momentos, com alguma sensação de frustração. Pois desde muito jovem acordei para a luta contra um regime caduco e opressor. Embora muito modestamente (houve muita outra gente que sacrificou a sua liberdade e mesmo a sua vida)contribui, de algum modo, para que esse regime se desmoronasse. E então, estar tão longe desse sonho tantos anos adiado, e de cuja concretização já descria, não deixou de me causar um sentimento de perda. De algo que eu sabia ser histórico e irrepetível.
Hoje, passados tantos anos, é com algum desânimo que vejo o Abril que ainda está por cumprir.
E é com mágoa que vejo, tantos companheiros e companheiras, que, comigo, lutaram para que Abril viesse, terem , de certa maneira, traído esses ideais que foram a nossa bandeira, para viverem hoje acomodados, muitos deles usufruindo as benesses de uma carreira política que os recompensou de alguns sacrifícios de outros tempos.
Resta-me a mim, o singelo e insignificante orgulho de não ter abandonado esses ideais, de me ter mantido coerente, de não me ter vendido "por um prato de lentilhas".
Abril 25, 2008 6:50 PM

26 comentários:

Isabel Filipe disse...

Eu estava em Lourenço Marques, Moçambique ...
e... só soube do 25 de Abril, no dia 26 ....

amigona avó e a neta princesa disse...

Ah, agora sim! Lindo Isabel, lindo! Eu estava a caminho de dar aulas em Sintra quando soube da revolução...beijos querida...

Lola disse...

Isabel,

Estava no Porto.

Disseram-me na rua que tinha havido uma revolução.

Quando cheguei a casa já havia festa e estavam todos colados à televisão.

Beijinhos

Águas da Vida News disse...

Interessante como os acontecimentos conhecidem...Aqui na Italia é feriado por ser o dia da libertaçao dos italianos pelas tropas americanas contra os nazistas...Giorno della liberazioni".
Uma excelente sexta-feira para ti querida amiga.
Big Kiss

Miguel disse...

Tinha 1 ano e meio ...!

Mas sei que quando era pequenino gostava de cantar esta musica:

Uma gaivota voava, voava,
asas de vento,
coração de mar.
Como ela, somos livres,
somos livres de voar.

Uma papoila crescia, crescia,
grito vermelho
num campo qualquer.
Como ela somos livres,
somos livres de crescer.

Uma criança dizia, dizia
"Quando for grande
não vou combater".
Como ela, somos livres,
somos livres de dizer.

Somos um povo

que cerra fileiras,
parte à conquista
do pão e da paz.
Somos livres, somos livres,
não voltaremos atrás.

Bom Feriado da Liberdade ...!

Anónimo disse...

Estava em Lourenço Marques - Moçambique.Tomei conhecimento pela rádio que fazia um programa informativo contínuo.Estava no Colégio D. Bosco. O rádio estava em cima da mesa de "ping-pong".Enquanto os meus colegas corriam pelos espaços livres,a leste daquilo tudo, praticando desporto, eu seguia atentamente a rádio, tipo relato de futebol.As dúvidas eram muitas sobre o que estava a contecer e o futuro das ex-províncias ultramarinas.

em Liberdade e amizade
Saudações e um sorriso

wind disse...

Tinha 9 anos e queria ir para a escola de todas as maneiras, embora na rádio dissessem que as pessoas ficassem em casa:)
Fiquei contente porque desde nova, devido a familiares tinha consciência do que era o regime e a Pide.
O que sinto hoje é que temos de lutar comm mais afinco pela liberdade, que se está a esvair com este governo!
Beijos

Meg disse...

Eu também....
Isabel, só agora consegui tirar um bocadinho para vir agradecer aos amigos que me acompaharam neste úlimos dias. Depois volto para ler.
Um bom feriado e um abraço.

armando s. sousa disse...

nesse dia era um miúdo com uma alegria imensa, pois o meu pai deixou de ter muitos problemas.
para mim, foi na realidade o DIA DA LIBERDADE.

VIVA O 25 DE ABRIL.

Um abraço.

Amaral disse...

Isabel
Eu estava em Moçambique, só voltei para Portugal quase um ano depois; quando vim era muito pequeno.
O teu post é interessante, pois no meio de tantas flores surgem os cravos vermelhos que dão um colorido diferente.
O 25 de Abril? Bem, acho que ainda não aconteceu verdadeiramente...
Bom feriado e bom fim-de-semana
Bjo

Odele Souza disse...

Isabel,
Embora não seja portuguesa, tenho vocês e Portugal em meu coração. Por isto deixo aqui o meu abraço a todos.Estou alegre com a alegria de vocês.

Um beijo.

São disse...

Estava trabalhando no Centro Médico-Educativo do Alfeite e passe um dia miuto pouco agradável!

Sinto pena que os sonhos se tivessem descolorido tanto pelo caminho...

ABRIL, SEMPRE!!

Abraço em liberdade.

Fernando Santos (Chana) disse...

Olá Isabel, era jovem estava em Alpiarça, com uma alegria imensa !
Bela imagem com Cravos de Abril .
Beijos

Anónimo disse...

Um dia pleno de significado, que se foi deturpando pelo caminho...

Bjs

peciscas disse...

O meu 25, também foi, Isabel,
a 26. Eu estava em Timor, muito longe dos cravos.
Mas foi com uma emoção indizível que soube que a "liberdade estava a passar por aqui" (para utilizar as palavras do Sérgio Godinho).
Mas também vivi esses momentos, com alguma sensação de frustração. Pois desde muito jovem acordei para a luta contra um regime caduco e opressor. Embora muito modestamente (houve muita outra gente que sacrificou a sua liberdade e mesmo a sua vida)contribui, de algum modo, para que esse regime se desmoronasse. E então, estar tão longe desse sonho tantos anos adiado, e de cuja concretização já descria, não deixou de me causar um sentimento de perda. De algo que eu sabia ser histórico e irrepetível.
Hoje, passados tantos anos, é com algum desânimo que vejo o Abril que ainda está por cumprir.
E é com mágoa que vejo, tantos companheiros e companheiras, que, comigo, lutaram para que Abril viesse, terem , de certa maneira, traído esses ideais que foram a nossa bandeira, para viverem hoje acomodados, muitos deles usufruindo as benesses de uma carreira política que os recompensou de alguns sacrifícios de outros tempos.
Resta-me a mim, o singelo e insignificante orgulho de não ter abandonado esses ideais, de me ter mantido coerente, de não me ter vendido "por um prato de lentilhas".

mfc disse...

Acordei às 7 com o meu Pai a dizer-me que havia uma Revolução.
A partir daí era a rádio... e sobretudo a BBC que nos informava do que se passava!

Cristina Sousa disse...

Eu estava em Lourenço Marques, como tu... em casa soubemos no mesmo dia pois o meu irmão estudava cá, mas honestamente acho que na altura nem tomei bem consciência do que se passava.

Beijocas minha querida, e bom fim de semana

SILÊNCIO CULPADO disse...

Isabel
Os ideais não morrem e por isso o 25 de Abril não pode morrer.
Eu sonho e luto mesmo quando à minha volta tudo incita à descrença e ao tédio.
Eu estava em Lisboa e foi um dia para mim muito emocionante. Era muito jovem e acreditava num mundo diferente e possível.
Hoje não tenho esses sonhos mas mesmo assim não desisto.
Abraço

Camilo disse...

Tinha 29 risonhas primaveras.
Estava em Luanda.
No "Notícia".
Acreditei nos homens.
Eles são...
MENTIROSOS,
TRAIDORES,
EGOÍSTAS,
MALANDROS,
ASSASSINOS.
....

Camilo disse...

Sabes, Isabel,
nunca mais desenhei nem fotografei um cravo "vermelho".
Evito-os.
Tãopouco entram em minha casa.
As (minhas)saudades são muito fortes.
Não estou contra o 25 d'abril.
ESTOU CONTRA A TRAIÇÃO CONTRA O POVO PORTUGUÊS.
Há que distinguir.

Anónimo disse...

Eu tinha nove anos, e fiquei muito contente, porque não tive aulas.
Lembro-me de ver o meu Tio Chico, muito contente, feliz com as notícias, e de partia a correr para Lisboa.
Beijo grande

Maria

Ana Oliveira disse...

Estava em Luanda e soube pelo meu Pai, que sendo agente de viagens, teve a informação bem cedo. Lembro o quase sigilo que usou para nos contar, da alegria meio timida que ficou no ar e recordo bem o meu sentimento,de certa forma inexplicável, de "Que bom, esta minha terra vai começar a crescer de si para si".
Enganei-me, aquela terra só cresceu para alguns poucos, para a maioria cresceu o sofrimento e a dor.
Lamento por todos eles, não por mim.
Perdeu-se a festa, que não se perca a esperança!
Beijo e bom fim de semana

anamarta disse...

Eu estava na festa, no Terreiro do Paço, no Carmo... sei lá andei por tantos sítios de Lisboa nesse dia!
Foi inesquecível!
beijinhos

poetaeusou . . . disse...

*
eu estava . . .
onde estive . . .
onde estou . . .
onde estarei . . .
,
e a sede "deles" ... continua,
,
A toda a parte Chegam os vampiros
Poisam nos prédios Poisam nas calçadas
Trazem no ventre Despojos antigos
Mas nada os prende Às vidas acabadas,
,
zeca
,
conchinhas
,
*

A.Mello-Alter disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
A.Mello-Alter disse...

Lembro-me perfeitamente do dia. Manhã fria e chuvosa, saímos como todos os dias ás 6,30 da manhã. Era assim nesses tempos, os miúdos saíam de casa pela madrugada e voltavam noite cerrada. O convívio com os pais era muito restrito.
Depois da volta habitual; Chança, Cunheira, Monte da Pedra, Aldeia da Mata, Flôr da Rosa, Crato e Alter, onde chegávamos depois das 8:00 horas, parávamos frente ao portão do colégio particular. Rapazes para um lado, raparigas para outro.
Mas nesse dia havia algo diferente no ar. No átrio das salas de aula, as funcionárias; Menina Teresa e Menina Antónia, ouviam um pequeno rádio onde não cantava o Mourão, o Artur Garcia, a Tonicha. Tocava coisas diferentes. Havia uma música ritmada que falava de fraternidade, de igualdade, de povo.
Acho que nos mandaram para casa a meio da manhã. E eu, miúdo de 14 anos, nem fazia ideia o quanto o meu mundo tinha mudado naquela madrugada.